Dar una mano



Gino Tubaro dando una mano


Algumas situações aleatórias no dia à dia surpreendem. Às vezes, funcionam como mensagens espontâneas e abreviadas, remetidas pela Vida, através do que parece ser a sincronicidade. Elas podem ajudar a perceber o quê ainda não foi percebido, ou mesmo libertar do auto-vitimismo e do egocentrismo.

Elas podem acontecer em qualquer lugar, um supermercado, por exemplo. Como a estória de um menino, provavelmente em torno de 3 a 4 anos de idade, que se movimentava em cadeira de rodas. Um dos braços se reduzia ao antebraço, e seu tronco terminava na cintura, possível resultado da má formação congênita das partes motoras, quiçá urinárias, durante sua gestação.

Sua capacidade neurológica parecia protegida, era vivaz e comunicativo. As crianças sempre contagiam. Ele mostrava inocência, energia e alegria, como qualquer criança da sua idade normalmente é, mas as crianças, em geral, podem andar e correr livres, ele não.

Não era por causa da curiosidade que não conseguia desviar momentaneamente o meu olhar sobre ele circulando por ali, mas sim a interseção de admiração e compaixão. É possível imaginar os processos físicos recorrentes de adaptação, incômodos e doloridos, pelos quais passa alguém que nasce com estes desafios, ainda mais tão pequeno e indefeso. Contudo, não se sabe o que o outro sente até que se viva o mesmo, ou esteja tão próximo, como quem mais o ama ou o protege, a sua família.

Talvez um dos principais males que o ser humano pode enfrentar no mundo atual é a indiferença alheia. As pessoas vêm praticando a indiferença com mais frequência, sem constrangimento. Assim, para todas as pessoas que enfrentam graves desafios, em especial para aquele menino que eu encontrei um dia, tomara que estejam sempre protegidos pela Inocência e pelo Amor em sua trajetória de vida, para não se deixarem abater nunca a sua alegria e a força diante de um mundo que mais exclui do que inclui, e que tem se acostumado com a indiferença.

Em contraponto à caótica indiferença, existem inúmeras ações, inclusive anônimas, que contribuem para a generosidade e inclusão, ao redor do mundo, para minimizar as limitações vividas pelas pessoas. Um exemplo é a estória de um jovem inventor argentino, Gino Tubaro, que deu início ao projeto inovador e itinerante de distribuição gratuita de próteses motoras, produzidas através de impressão 3D. Esta estória inspiradora está retratada no documentário "Mil Manos Por Argentina".













  

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