A escalada e os sinos, no Vaticano




Na Itália, meu trabalho estava baseado em Milão, mais especificamente em Sesto San Giovanni, região metropolitana de Milão. Na tarde de verão de uma sexta-feira, peguei o trem pra Roma. Muitas coisas para fazer em Roma. Só tinha o final de semana. 

O Vaticano foi onde estive no Sábado de manhã bem cedo. Foram duas tentativas para visitar a Capela Sistina. A grande extensão da fila de ingresso e o sol brilhante daquela manhã desanimavam. Tentei novamente no Domingo. 

Sobre a Basílica de São Pedro, eu só a tinha visto na Missa do Galo, na televisão. É bem mais grandiosa do que se imagina. Não há nada ali que a adorne que não seja mármore e Arte, inclusive "A Pietà", de Michelangelo. 

Queria ter uma lembrança marcante deste lugar, então optei pelo trajeto mais radical para subir à abóboda da Basílica. Subi lá através dos mais de 500 degraus, que passam pela cúpula interna e nos levam ao destino final, o topo. Parece uma espiral de degraus, e quanto mais se sobe, mais estreita fica, e menor é o tamanho de cada degrau. Paradas frequentes para recuperar o fôlego com o refresco do vento que entra pelas escotilhas. Por essas pequeninas janelas, eu ia tendo a visão panorâmica de Roma e do curso do Tibre. Quase no final, o desafio parece ainda maior, porque os degraus ficam ainda mais estreitos no topo. Dois pés juntos não cabem, corrimão não tem, e se apoia na corda espessa e suspensa do teto. A maratona tem fim quando se chega ao pátio externo da cúpula, e esse momento foi coroado com a sinfonia de carrilhões de sinos tocando ao mesmo tempo. 

A sincronicidade é mágica, e me permitiu chegar ali, entre o céu e a terra, no momento em que eles começavam a badalar. Pareceu o som da Glória ou da Vitória. 

Agora eu podia ver e fotografar Roma planificada, diante de mim, em um belo dia ensolarado e de céu azul. Voltei pelo mesmo caminho, mas descer, às vezes, parece ser menos desafiante do que subir.









      

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