Passagem pelo Egito

Um privilégio da profissão é me levar a diferentes lugares. Dessa maneira estive no Cairo. No tempo vago, meus colegas me apresentaram, provavelmente, os lugares mais bonitos para um turista ver lá. Aproveitamos os grandes hotéis nas margens do Nilo, navegamos no rio, assistimos ao show de luzes e sons nas pirâmides e fizemos muito mais coisas juntos. 

Mas estando em um lugar tão antigo, histórico e exótico para mim, como o Egito, eu senti falta de conhecer lugares e pessoas que talvez achassem que não me interessaria. 

Na véspera de partir, já sozinho na cidade, eu contratei o serviço de um taxista. Sem saber dizer aonde eu queria ir, ele cruzou a parte moderna da cidade em direção a um lado muito antigo, tanto quanto o deserto e as pirâmides. Era Copta, o bairro cristão. 

Eu não sabia o que encontraria naquele lugar. Primeiro, entrei em uma pequena loja, onde se vendia essências para perfumes e luminárias típicas de lá. Depois, guiado pelo acaso, segui o fluxo de gente, até que chego a um caminho onde existem três templos, uma mesquita, uma sinagoga e a igreja cristã ortodoxa de São Sergio.

Eu sabia da história da fuga de José, Maria e o recém-nascido Jesus, de Belém para o Egito, em busca de refúgio, por causa da perseguição de Herodes, mas nunca imaginei que um dia pisaria no lugar onde eles teriam vivido. Diz a tradição que, onde se ergueu a igreja de São Sergio, era o lugar que serviu de esconderijo para Jesus e seus pais, enquanto refugiados no Egito.

Eu vi e fotografei grandes contrastes no Cairo, mas este foi o momento mais inesquecível do período em que passei no Egito.