Wabi-Sabi, a Imperfeição e a Beleza
Provavelmente, a Natureza é um dos temas que mais fotografo, porque é o que existe de mais belo, verdadeiro e disponível na Terra.
A Beleza resulta da harmonia entre o perfeito e a fração de imperfeição que compõem o todo.
Alguém já escreveu : There's a crack in everything. That's how the light gets in. Ou seja : Em tudo há fissura. É por onde entra a luz.
À luz do pensamento ou olhar humano, especialmente ocidental, a estética flerta com a perfeição.
Mas nada é totalmente perfeito, porque nem tudo é simétrico e homogêneo.
Porém, percebo toda a beleza que existe na flora, como, por exemplo, o entrelaçado das raízes e o ballet dos galhos contorcidos das árvores, a coloração natural das flores, agraciada com o contraste de textura, com a diversidade de desenho e forma, e com a intensidade ou tonalidade do pigmento de suas pétalas e folhagens, que se adaptam ou se transformam com resiliência às intempéries e adversidades da própria Natureza.
E mesmo quando se prepara para morrer, a flora oferece tamanha beleza. As folhas vão amarelando, alaranjando, até que assumem aquele tom de cobre, e se despregam das copas em um voo suave para atapetar o nosso chão. Dos galhos secos, em breve, nascerão novos brotos. A Beleza está sempre lá, à cada alternância dos ciclos da vida, para simplesmente encantar, ou inspirar um amante da fotografia, a pintura de Monet ...
Apesar de aleatório e poético, isso se parece com a exatidão da Matemática. Tal feito é único e original. Nessa engenharia da Natureza, tudo é belo, funcional e heterogêneo ao mesmo tempo. Beleza tão natural e original é incapaz de ser multiplicada e reproduzida artificialmente.
Essa forma de admirar a Imperfeição não é atual. Tem muito a ver com a filosofia milenar oriental, budista, denominada de Wabi-Sabi no Japão, que inclusive é um conceito bem difundido hoje no Interior Design.
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